Sem nenhum alarde, os vereadores da base de apoio do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) enterraram, há um mês, a CPI que se propunha a investigar os contratos milionários entre a Prefeitura e as empresa da família do então diretor da Urbes, Jorge Hial. O relatório, que não encontrou qualquer irregularidade nos contratos, foi assinado no dia 26 de março, encaminhando o caso para arquivamento. Passados quase 30 dias, nada foi divulgado pela Câmara ou pelos vereadores que compõem a extinta CPI.
A manobra governista só foi descoberta depois que a vereadora Fernanda Garcia (Psol) questionou o resultado da CPI publicamente, durante a sessão da Câmara desta terça (23). O Portal Porque tinha conhecimento da informação desde a última sexta (19), quando iniciou os contatos com os vereadores membros da CPI e com a própria Câmara, por meio da assessoria de imprensa. Todos se recusaram a confirmar a informação, mantendo o pacto de silêncio feito pelos parlamentares aliados do prefeito Manga, o que inclui o presidente da Câmara, Cláudio Sorocaba.
Nesta quarta (24), a assessoria da Câmara justificou o silêncio, alegando que a divulgação dos resultados da CPI deveria ser feita pela própria Comissão Parlamentar de Inquérito, a pretexto de manter a “independência” de sua atuação. Independência que, na prática, nunca existiu, já que a CPI foi integralmente composta pelos principais aliados de Manga, e comandada só por parlamentares ligados à Igreja Evangélica e ao Partido Republicanos, como o prefeito. A oposição não conseguiu integrar a Comissão.
O relatório final foi assinado pelo vereador Caio Manga (Republicanos), ex-assessor do então vereador Rodrigo Manga e que se elegeu com o apoio e com o apelido do padrinho.
Antes de Caio Manga, a CPI foi presidida pelo vereador e missionário evangélico, Cristiano Passos (Republicanos), tendo como relator o vereador e pastor evangélico Luis Santos (Republicanos). Passos acabou sendo substituído pelo também missionário evangélico Caio Manga, quando se afastou da Câmara para assumir a Secretária de Esportes do prefeito Manga. Como líderes evangélicos e membros do mesmo partido do prefeito, os vereadores se uniram e conseguiram proteger o Governo Manga de mais um escândalo político.
O caso
A denúncia investigada, divulgada pelo portal g1 Sorocaba e TV Tem, envolve R$ 32 milhões em contratos com empresas ligadas à família Hial desde janeiro de 2021. Apesar das negativas de irregularidades pela Prefeitura e pela família, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) apontou conflitos de interesse, resultando na exoneração de Jorge Domingos Hial.
Empresas da família Hial também receberam doações públicas, gerando dúvidas sobre a integridade dessas operações. A Associação Antônio José Guarda (AJG), na época presidida pela esposa de Jorge Hial Neto, recebeu contratos milionários para serviços nas áreas de Educação e Saúde de Sorocaba.
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