Busca

Presidente e relator da CPI enviaram R$ 190 mil em emendas à entidade da Família Hial

O vereador Cristiano Passos, presidente da CPI, destinou R$ 90 mil à AJG, da Família Hial. Já o relator da CPI, pastor Luis Santos, apresentou emenda de R$ 100 mil

João Maurício da Rosa (Portal Porque)

Base aliada do prefeito na Câmara abriu uma CPI chapa branca para barrar as investigações da oposição. Foto: Divujlgação/Câmara de Sorocaba

O presidente e o relator da CPI que deve investigar os contratos milionários entre a Prefeitura e o ex-diretor da Urbes, Jorge Domingos Hial, destinaram R$ 190 mil em emendas para a Associação José Guarda (AJG), que pertence à família do investigado.

O vereador Cristiano Passos (Republicanos), presidente da CPI, apresentou uma emenda impositiva ao orçamento do município, destinando R$ 90 mil à AJG, que também é alvo das denúncias apresentadas na semana passada pela TV Tem (leia mais).

Já o relator da CPI, pastor Luis Santos (Republicanos) apresentou emenda, destinando R$ 100 mil à AJG. O levantamento do valor das emendas foi divulgado pelo G1, há dois dias, e confirmado pelo Portal Porque.

Além do presidente e do relator, outros dois integrantes da CPI também enviaram verbas, por meio de emendas impositivas, à AJG. O líder do prefeito na Câmara, João Donizete (PSDB) destinou R$ 100 mil e Vinícius Aith (PRTB) mandou mais R$ 250 mil.

A CPI foi aberta nesta quinta (28) pela base aliada do prefeito Manga para impedir que a oposição conseguisse as assinaturas necessárias para a CPI. Como o regimento interno da Câmara impede a abertura de duas CPIs para investigar o mesmo assunto, a comissão da base aliada inviabiliza a investigação da oposição sobre as supostas irregularidades em contratos que somam R$ 32 milhões entre a gestão Manga e a família do ex-diretor da Urbes.

De acordo com o levantamento do G1, a Associação Antônio José Guarda, administrada pelos Hial, recebeu um total de R$ 1,1 milhão da Prefeitura, por meio de emendas impositivas de sete vereadores da base de Manga. Não existe nenhuma ilegalidade na destinação de emendas parlamentares para entidades filantrópicas reconhecidas pelo Município. Tanto é verdade que o vereador Francisco França (PT), da oposição, também destinou R$ 100 mil à mesma instituição.

Mas, o petista não se furtou a endossar o requerimento para a criação da mesma CPI proposta pela vereadora Iara Bernardi (PT) e que teve adesão apenas da oposição. Ao criarem seu próprio colegiado nomeando para os postos chaves vereadores intimamente ligados ao prefeito e à família Hial, fica evidente que a manobra visa passar o pano do objeto da apuração.

A família Hial será investigada pela CPI após a reportagem da TV Tem mostrar que suas empresas obtiveram 17 contratos de obras com a Prefeitura a partir da posse do prefeito Rodrigo Manga, em janeiro de 2021 e até agosto deste ano, num total de 32 meses.

O Ministério Público informou que vai abrir uma investigação para apurar o esquema. A Prefeitura informa que todos os processos e atos do Poder Público seguem rigorosamente os trâmites administrativos e legais, mas o prefeito exonerou Jorge Hial da direção da Urbes na semana passada. A defesa da família Hial também nega qualquer irregularidade.

Confira o valor das emendas que os vereadores destinaram à AJG

Luis Santos (Republicanos): R$ 100 mil

Francisco França (PT): R$ 100 mil

João Donizete (PSDB): R$ 100 mil

Cristiano Passos (Republicanos): R$ 90 mil

Fernando Dini (Progressista): R$ 20 mil

Claudio Sorocaba (PL): R$ 250 mil

Vinícius Aith (PRTB): R$ 250 mil

Fausto Peres (Podemos): R$ 300 mil

LEIA TAMBÉM:
>> Base aliada de Manga na Câmara abre CPI para barrar investigação da oposição

>> Só 15% dos vereadores apoiam CPI para investigar relação da Família Hial com o Governo Manga

>> Presidente da Câmara ‘passa pano’ para mais uma denúncia de corrupção no Executivo

>> Vereadora pede CPI e MP abre investigação sobre esquema de R$ 32 mi entre Manga e família Hial

mais
sobre
corrupção CPI Família Hial Governo Manga urbes
LEIA
+