Busca

Só 15% dos vereadores apoiam CPI para investigar relação da Família Hial com o Governo Manga

Apenas três vereadores assinaram o pedido de abertura de investigação; CPI precisa de, no mínimo, sete assinaturas

Paulo Andrade (Portal Porque)

Cláudio Sorocaba ao lado de Rodrigo Manga: presidente da Câmara já barrou dois pedidos de CPI para investigar o governo. Foto: Reprodução/Facebook Cláudio Sorocaba

A Câmara de Sorocaba se recusa a investigar as denúncias sobre as relações milionárias entre o Governo Manga e o ex-diretor da Urbes, Jorge Domingos Hial, o Tupã. Uma semana depois de o escândalo vir à tona (leia aqui), o pedido de CPI apresentado pela vereadora Iara Bernardi (PT) recolheu apenas três assinaturas – menos da metade das sete necessárias para a CPI ser aberta.

Ao todo, a Câmara de Sorocaba tem vinte vereadores, mas dezessete se recusam a assinar o pedido de CPI. Até esta quarta-feira (27), somente Fernanda Garcia (Psol) e Francisco França (PT) assinaram o documento, além da própria Iara. Os demais abriram mão de apurar o escândalo.

Na avaliação da vereadora Iara, a baixa adesão se deve, entre outros fatores, ao comprometimento dos vereadores com o governo Manga, ao receio de perder cargos na Prefeitura e ao medo de sofrer represálias, além da “falta de consciência dos deveres de fiscalizar” o Executivo.

Segundo as denúncias, publicadas pela TV Tem, as conexões entre a administração de Sorocaba e o diretor da Urbes nomeado por Manga geraram dezessete contratos para empresas ligadas à Tupã. A maioria foi feita de forma emergencial (sem licitação). Ao todo, os contratos envolveram R$ 32 milhões, que saíram dos cofres públicos diretamente para as empresas da família Hial.

A CPI precisa da assinatura de um terço dos vereadores da Câmara (sete assinaturas) para ser instaurada.

Base aliada e MP

A base aliada do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) afirma que a CPI é desnecessária, já que o caso está sendo investigado pelo Ministério Público (MP).

Fernanda Garcia rebate os defensores de Manga dizendo que nunca viu uma Câmara tão omissa quanto esta. “A CPI e o MP poderiam trabalhar de forma colaborativa. O que não podemos é abrir mão de uma das nossas principais funções, que é fiscalizar o governo e o uso de recursos públicos”, afirmou.

Já o presidente da Câmara, Cláudio Sorocaba (PL), concedeu entrevista esta semana ao jornal ZNorte e defendeu a tese de que a CPI era desnecessária porque o caso já estaria nas mãos do MP. Ele disse também que não viu nenhuma irregularidade, nenhum superfaturamento nos negócios da Prefeitura coma família Hial. Chegou a dizer que o único problema era a ligação das empresas e entidades com o ex-diretor de trânsito da Urbes, mas que o prefeito foi rápido em exonerá-lo na sexta (23) e o problema estaria resolvido.

Dois pesos, duas medidas

Já o vereador Vinícius Aith (PRTB) usou a tribuna da Câmara na sessão de terça (26) para reafirmar os comentários que Cláudio já havia feito e tentar desqualificar o pedido de CPI para investigar, paralelamente ao MP, a suspeita de contratos milionários entre Manga e a família Hial.

O curioso é o próprio Aith presidiu a CPI da educação este ano – criada para barrar uma CPI da oposição sobre superfaturamento no prédio da Sedu (Secretaria da Educação) – a a comissão chapa-branca foi encerrada em agosto deste ano sem chegar a nenhuma conclusão e, apenas, recomendou enviar suas oitivas e documentos ao MP, justamente com o argumento de “colaborar” com as investigações já em andamento naquela instituição.

mais
sobre
contratos milionários CPI Família de Tupã Manga/Hial urbes
LEIA
+