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Manga nomeia apoiadores para cargos recém-criados e deixa secretarias de lado

Prefeito de Sorocaba apenas transferiu os diretores de área para o cargo de assessor de gabinete; líderes de partidos e ex-vereadores estão entre os nomeados

Wilma Antunes (Portal Porque)

Manga encheu os gabinetes da Prefeitura de Sorocaba de apoiadores para as eleições deste ano. Foto: Jesus Vicente/Portal Porque

À medida que o calendário avança, as eleições batem à porta e, com elas, as articulações políticas se intensificam. Em Sorocaba, o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) parece ter optado por uma estratégia, no mínimo, curiosa: em vez de manter um secretariado robusto, escolheu ficar com o que restou após uma série de exonerações. Além disso, as 44 nomeações recentes para assessores de gabinete, em sua maioria, não passam de uma relocação de ex-diretores de área, cujos cargos foram considerados irregulares pela Justiça.

No dia 5 de abril, as exonerações atingiram quase um quarto do secretariado de Manga, com 21 pastas. Clayton Lustosa (Educação), Alexandre Caixeiro (Segurança Urbana), Cleber Martins Fernandes da Costa (Recursos Humanos), Cristiano Passos (Esporte e Qualidade de Vida) e Hudson Pessini (Relações do Trabalho) deixaram seus postos por terem aspirações eleitorais.

O caso de Lustosa é o mais embaraçoso. Ele se viu em um fogo cruzado entre Republicanos e PL, após Manga filiar Lustosa ao PL, contrariando promessas anteriores. O movimento desagradou o diretório municipal do partido, especialmente o presidente Danilo Balas, que também é deputado estadual. Se Lustosa não conseguir uma vaga na chapa de Manga, poderá enfrentar um boicote do partido, o que o deixaria fora até da corrida para vereador (leia mais).

Enquanto isso, Caixeiro, Martins e Pessini miram assentos no Legislativo, que no próximo ano aumentará para 25 vagas. Caixeiro e Martins concorrerão pelo Republicanos, enquanto Pessini tentará pelo MDB. Quanto a Cristiano Passos, sua breve nomeação como secretário parece ter sido apenas um agrado, uma vez que a justificativa oficial – um afastamento por saúde do titular Vitor Mosca – não convenceu, especialmente quando Mosca foi realocado como diretor de área no mesmo dia da nomeação de Passos.

Manga, porém, não deixou seus ex-secretários ao relento. Com exceção de Pessini, todos foram rapidamente acomodados em cargos de diretor de área, com salários de R$ 15,6 mil. Essa manobra, realizada às vésperas do prazo final imposto pela Justiça para a exoneração de 542 contratados em um esquema de “cabide de empregos”, os transformou em assessores de gabinete.

Secretariado inconsistente
Ao observar o expediente da Prefeitura, o que se nota é um quadro administrativo inconsistente, onde os secretários desempenham papéis múltiplos. Luciana Mendes da Fonseca, já encarregada da Sead (Secretaria de Administração), agora também é responsável, cumulativamente, pela Sedu (Secretaria de Educação).

Amália Samyra Toledo Egêa não fica para trás nessa multitarefa, liderando cumulativamente a Serh (Secretaria de Recursos Humanos) enquanto também cuida da Segov (Secretaria de Governo). Vale notar que Amália é casada com o vereador Caio Oliveira (Republicanos), que antes de sua posse, utilizava o sobrenome “Manga”.

Na Sert (Secretaria de Relações do Trabalho e Qualificação Profissional), Bruno Santana está como titular interino, enquanto a Sesu (Secretaria de Segurança Urbana) é gerida cumulativamente por João Alberto Correa Maia, também conhecido como Beto Maia, que já tem a responsabilidade da SGC (Secretaria do Gabinete Central).

Assessores de gabinete
A edição do Jornal do Município de segunda-feira (15) trouxe 44 portarias com nomeações para assessores de gabinete. Conforme apuração do Portal Porque, 86,3% dessas nomeações são apenas transferências de antigos diretores de área. Essa manobra administrativa, longe de ser uma novidade, parece fazer parte do acordo político que visa angariar apoio para a possível reeleição do prefeito Manga, assim como foi feito com o “cabide de empregos” (leia mais).

Clayton Lustosa agora ocupa uma cadeira na Sead (Secretaria de Administração), enquanto Cleber Martins se acomoda na Sedettur (Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo). A ambientalista Jussara Fernandes, que está de olho na Câmara Municipal pelo Republicanos, assim como Oswaldo Duarte Neto Filho, que busca seu retorno como vereador pelo mesmo partido, também estão nessa lista.

Figuras como Roberto Natalino Silveira, presidente do diretório municipal do Republicanos, e Murillo Toshio Gracia Menna Hanada, líder do PSB municipal, também ganharam cargos.

A lista segue com Henri Jose Arida, que conta com o apoio da comunidade católica em sua pré-candidatura a vereador; Priscilla La Vega Vinolo, ex-assessora do vereador Cícero João (Agir); Jorge Latuf Filho, ex-assessor do deputado Danilo Balas; o ex-delegado André Moron, que não conseguiu se eleger deputado federal em 2022; e Sandro Roberto Rodrigues, analista político e irmão do deputado estadual Vitão do Cachorrão (Republicanos).

Todos eles, antes da reforma administrativa, desempenhavam o papel de diretores de área. O espaço no Portal Porque segue aberto caso os citados queiram se manifestar sobre o caso.

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