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Utilizar galinhas no combate aos escorpiões não resolve o problema, diz Butantan

Prefeito Rodrigo Manga cogita comprar aves para enfrentar a infestação na cidade; instituto diz que medida é paliativa

Marcel Stefano (Portal Porque)

Manga fez postagem na última quarta-feira, dia 10, anunciando a compra de galinha d’Angola para solucionar o problema dos escorpiões nas escolas. Foto: Reprodução/Facebook

No que depender do conhecimento científico e das práticas encontradas na Natureza, o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) vai ter muito trabalho para resolver com uma simples galinha d’Angola o problema do aparecimento de escorpiões nos Centros de Educação Infantil (CEIs) da cidade. Nesta quarta-feira (dia 10), o chefe do Executivo postou um vídeo em suas redes sociais reclamando que não há veneno que mate escorpiões e afirmando que, se necessário, irá comprar aves para eliminar os aracnídeos nas escolas.

“Existem informações de condomínios de alto padrão que teriam colocado galinhas d’Angola que elimina os escorpiões. Então, estou pedindo estudos para a Secretaria da Saúde e para a Secretaria da Educação e, se for necessário, nós vamos comprar galinha d’Angola para ter nas escolas também”, diz o prefeito, no vídeo.

Para o biólogo e tecnologista sênior do Laboratório de Coleções Zoológicas do Instituto Butantan, Paulo Goldoni, a criação de galinhas como forma de evitar escorpiões “são medidas paliativas e não efetivas”. Isso porque, segundo ele, “os galináceos podem se alimentar, mas não há obrigatoriedade que os mesmos se alimentem exclusivamente de escorpiões. Além do que galináceos têm hábitos diurnos e escorpiões são noturnos. Entretanto, escorpiões podem ser ativos durante o dia, mas a sua maior atividade física é noturna”, explica.

Sem controle químico
Goldoni diz que não existe uma forma de controle químico contra escorpiões. “Existem produtos químicos (venenos) que aplicados no escorpião causam óbito. Entretanto, isso não é controle químico. O correto a dizer é que não há protocolos de aplicação destes produtos químicos comprovados cientificamente. Logo, o efeito é irrisório.”

Infestação
O biólogo e técnico do Instituto Butantan conta que há duas espécies de escorpiões que são considerados partenogenéticos (tipo de reprodução assexuada). “Estes exemplares se autorreproduzem sem a presença de um macho, nascendo fêmeas apenas, fazendo com a dispersão numérica seja consideravelmente alta”, explica.

Outro fator que ajuda no crescimento do número de escorpiões em áreas urbanas é o período quente, quando ocorre o nascimento de insetos que são os principais alimentos dos escorpiões. “Além disso, há a destruição do habitat e a adaptação dos mesmos em ambientes urbanos, com locais de refúgio e ausência de predadores naturais”, complementa.

Prevenção
Para evitar a proliferação de escorpiões, o Instituto Butantan sugere que a população adote as seguintes medidas:
• manter jardins e quintais limpos;
• evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas;
• evitar folhagens densas ( plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas e manter a grama aparada;
• limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos numa faixa de 1 a 2 metros das casas, pelo menos;
• vedar as soleiras das portas e janelas quando começar a escurecer, pois estes animais, na
sua maioria, apresentam hábito noturno;
• vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes, consertar rodapés despregados, colocar saquinhos de areia nas portas, colocar telas nas janelas;
• vedar ou colocar telas em ralos do chão, pias e tanques;
• combater a proliferação de insetos, pois são os alimentos preferidos de aranhas e, principalmente escorpiões;
• acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes que possam ser mantidos fechados, para evitar insetos, principalmente, baratas;
• preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas: aves de hábitos noturnos (coruja), lagartos, sapos, galinhas, gansos, macacos, quatis, etc.

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