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Secretário de Manga diz que usa a máquina da Prefeitura para espremer adversários

Portal Porque teve acesso a mensagens de whatsapp em que o secretário de Relações Institucionais, Luiz Henrique Galvão, diz que precisa blindar o grupo que está com o prefeito Rodrigo Manga. “E quem não está eu tenho que usar a máquina para espremer”, afirmou

João Maurício da Rosa (Portal Porque)

O secretário de Relações Institucionais, Luiz Henrique Galvão, confessou que usa a máquina da Prefeitura de Sorocaba para espremer os adversários e blindar o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos). A confissão se deu após Galvão expulsar um suplente de vereador do palanque de autoridades da Marcha para Jesus, o que revela o tamanho do envolvimento da Prefeitura com o evento privado da Igreja Evangélica.

A história começou a ser revelada pelo vereador Fernando Dini (PP) em live realizada na manhã desta sexta (8) pelo Jornal ZNorte (assista aqui). O Portal Porque investigou a história e obteve acesso à troca de mensagens de whatsapp do secretário Galvão com o suplente de vereador do PTB, André Fraga, expulso do palco da Marcha para Jesus, realizada nessa quinta (7). O Porque também conseguiu as imagens do momento em que André é retirado do palco a mando de Galvão.

Nas mensagens, o secretário Luiz Henrique Galvão diz que precisa blindar o grupo que está com o prefeito Rodrigo Manga. “E quem não está eu tenho que usar a máquina para espremer”, afirmou Galvão para explicar o motivo pelo qual André foi expulso do palco. As mensagens de whatsapp foram trocadas ainda durante a Marcha para Jesus, logo após a expulsão.

André Fraga ainda argumentou que amava o prefeito Manga, sem interesse, que não precisa de política para viver e que não iria fazer oposição e que nem era candidato, mas Galvão foi taxativo. Disse que André Fraga ainda será candidato e que sua função no governo é dizer não.

“Não tinha necessidade cara. Você mandou os seguranças me tirar. Sou pai de família. Não sou qualquer um”, comentou Fraga. Mais adiante, ele acrescenta: “você poderia ter me chamado num canto, eu ia entender”.

Luiz Galvão responde: “Se eu tivesse visto, vou ser sincero, nem a pulseira da frente do palco eu tinha deixado dar pra você. Sou sincero. Agora se estivesse normal você estaria dentro do camarim do apóstolo. É normal isso. Entenda”.

Por normal, entende-se que André Fraga era vereador suplente do PTB, mas se desligou do partido para se filar ao PP no mês passado, acompanhando o vereador Fernando Dini, que deixou o MDB e assumiu o comando do diretório municipal dos progressistas.

“Esta atitude do secretário Luiz Galvão só pode ser represália, mas não entendo o porquê”, comentou Dini. Segundo ele, oficialmente, o partido é parte da base aliada do prefeito Manga na Câmara dos Vereadores e assim pretende continuar. “Esta era a proposta, inclusive de dar suporte ao prefeito nas próximas eleições”, afirmou Dini.

As mensagens de Galvão, porém, podem ter um efeito desastroso nas relações do PP com a base de Manga. “Nós vamos enviar estas conversas para a Executiva do partido em São Paulo e dizer que o governo Manga não considera o PP um aliado”, informou Dini.

Para o vereador, o descontentamento de Manga e seus assessores, só pode ter como fundamento o fato de ele ter assumido o PP e iniciado uma campanha de filiação, ressuscitando o partido que estava totalmente inativo em Sorocaba.

“Um dos partidos políticos mais influentes do Brasil estava morto em Sorocaba. Em menos de um mês, conseguimos filiar mais de 100 pessoas. Isso deve ser a causa do descontentamento, mas nós reiteramos que não estamos na oposição, somos da base aliada do prefeito”, esclareceu Dini ao Portal Porque.

A reportagem procurou a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Sorocaba para solicitar esclarecimentos sobre o episódio envolvendo o secretário Galvão, incluindo o pedido de entrevistas com o próprio. Não houve retorno até a publicação desta reportagem.

Braço direito de Manga, Galvão é responsável por manter o bom relacionamento da Prefeitura com a Câmara, órgãos e lideranças políticas. No ano passado, ele se afastou do cargo de secretário, por quatro dias, para organizar a motociata do então candidato a presidente, Jair Bolsonaro (PL), em Sorocaba, durante as eleições.

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