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Saae despeja 5 milhões de litros de esgoto por dia no córrego da Água Vermelha

O vazamento mais recente começou entre a noite de domingo (5) e a manhã de segunda-feira (6); é a quinta vez que o problema é denunciado nos últimos quatro meses

Paulo Andrade (Portal Porque)

Pelo menos 10 milhões de litros de esgoto já foram despejados no córrego da Água Vermelha, entre os bairros Jardim Paulistano e Jardim Faculdade, em Sorocaba, em dois dias de um vazamento iniciado entre a noite de domingo (5) e a manhã de segunda-feira (6). O cano, chamado de extravasor, fica ao lado da Capela João de Camargo e próximo ao Hospital Gpaci. Até a publicação desta reportagem, o problema ainda não tinha sido resolvido. Moradores afirmaram ao Portal Porque que é a quinta vez que isso acontece desde fevereiro.

Segundo informações de um funcionário do Saae, que também foi entrevistados pela reportagem, o cano de 400mm jorra mais de 5 milhões de litros de esgoto por dia. “A capacidade é de 60 litros de esgoto ‘in natura’ por segundo. São 3,6 mil litros por minuto; 216 mil por hora; o que resulta em 5.184.000 litros por dia. E o problema já dura anos”. Como o despejo desta vez já dura dois dias, pelo menos 10 milhões de litros de esgoto foram parar no Rio Sorocaba, que fica a 2 quilômetros de distância.

Um vizinho, que estava na praça nos fundos da Capela, indignado com o que estava vendo, aceitou falar com a reportagem na condição de anonimato. “E o prefeito Manga [Rodrigo Manga/Republicanos] ainda fica fazendo vídeo para dizer que dá para pescar no Rio Sorocaba, de tão limpo que está. Mas esse córrego desemboca direto do rio, que fica logo ali. Além do odor insuportável, isso é crime ambiental. Mata peixes e outras espécies. Todo mês acontece isso por dias e dias. Será que ninguém vê, ninguém faz nada?”.

O vizinho do córrego afirma que todo mês trabalhadores do Saae vão até o local, fazem algumas obras, mas a solução dura poucas semanas. “Já vi o pessoal vir aqui, cimentar o tubo e, no mês seguinte, eles voltar para quebrar o cimento e o esgoto volta a jorrar”.

A funcionária de um restaurante nas imediações confirma o incômodo do mau cheiro frequente, mas prefere preservar seu nome e do estabelecimento em que trabalha. “Tem dia que incomoda até clientes”, afirma.

Saae e Prefeitura respondem processo
O despejo de esgoto no rio, pelo governo municipal, é alvo de investigações do Ministério Público (MP) desde o ano passado. Este ano o inquérito se tornou ação judicial, que exige solução imediata pelo governo de Sorocaba e multa de R$ 15 milhões a título de danos morais coletivos e dano ambiental (clique aqui).

Segundo outro servidor do Saae que também ficará no anonimato para evitar represálias, a causa do problema é a “falta de estruturação por parte da diretoria do Saae. A cidade crescendo e as redes (de água e esgoto) sempre as mesmas. Não suportam mais os resíduos gerados pelos habitantes, aí ficam fazendo as famosas gambiarras, escondendo os problemas e contaminando os rios”.

De acordo com um terceiro funcionário público, esses vazamentos de esgoto “nunca são realmente arrumados. A chefia manda apenas maquiar o serviço pra dizer que foi feito. Porém, nós que trabalhamos lá, sabemos que é só um paliativo, é temporário, só para justificar a cobrança dos políticos e da mídia”.

O Portal Porque enviou perguntas à Prefeitura e ao Saae sobre o despejo irregular de esgoto no local na tarde desta terça-feira (7), mas não obteve retorno.

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