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Michelle Bolsonaro atuou pessoalmente, mas não conseguiu evitar racha entre Manga e PL

Ex-primeira dama do Brasil chegou a ligar para Sirlange pedindo que Manga cumprisse o acordo, mas o prefeito de Sorocaba descartou candidatos do PL para ocupar a posição de vice em sua chapa eleitoral

Wilma Antunes (Portal Porque)

Ligação de Michelle a Sirlange teria como objetivo persuadir Manga a aceitar os candidatos a vice propostos pelo PL. Foto: Reprodução

O clima político em Sorocaba está mais agitado do que nunca, e o centro das atenções é o embate entre o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) e o deputado estadual Danilo Balas (PL). O atual racha entre os dois políticos ganhou um capítulo especial dias atrás, quando a família Bolsonaro tentou intervir para apaziguar os ânimos. Segundo apuração do Portal Porque, pouco antes de Balas anunciar oficialmente sua pré-candidatura à Prefeitura, a primeira-dama de Sorocaba, Sirlange Frate Maganhato, que está no PL, recebeu um telefonema de Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher e esposa do ex-presidente agora inelegível Jair Bolsonaro.

O motivo dessa ligação seria um pedido de Michelle para que Sirlange convencesse o prefeito a aceitar a oferta de acordo do PL, entregando ao partido o cargo de vice de Manga nas eleições de outubro. Com mais uma tentativa frustrada, Balas agora assumiu o rompimento com Manga, chegando a chamá-lo de “traidor” em entrevista a uma rádio da cidade. 

Pessoas próximas ao partido confirmam que o contexto da ligação envolvia a discordância entre Balas e Manga. Michelle teria pedido para que Sirlange conversasse com o prefeito para que ele aceitasse o nome indicado pelo diretório municipal do PL, que tem Balas como presidente, para vice na chapa eleitoral. A hipótese mais provável é que esse nome seja o de Roberto Freitas, vice-presidente do diretório, mas Balas também ofereceu outras pessoas, como os vereadores Dylan Dantas e Rodrigo do Treviso.

O acordo era simples: Manga deveria selecionar um dos cinco nomes apresentados pelo partido. No entanto, o prefeito não cumpriu o compromisso e rejeitou todas as sugestões. Mais ainda, tentou “passar o chapéu” no deputado ao filiar o secretário de Educação, Clayton Lustosa, ao PL por São Paulo, para indicá-lo de vice e evitar, assim, o crivo de Balas. Essa atitude gerou ainda mais ressentimento. Em uma espécie de jogo de interesses, Manga propôs Lustosa como vice, sob o pretexto de ele ser filiado ao PL. Balas, se sentindo enganado, recusou a proposta.

A sexta-feira (26) à noite trouxe mais um capítulo nessa série de intrigas, com Balas oficializando sua pré-candidatura à Prefeitura de Sorocaba por meio de suas redes sociais. Ao lado de figuras como o deputado federal Jefferson Campos, o deputado estadual Carlos Cezar e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, Balas não economizou ao afirmar contar com o apoio do casal Bolsonaro, além do secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite.

Enquanto fontes próximas à direita sorocabana confirmam a existência da ligação entre Michelle e Sirlange, os aliados de Manga tentam apagar o incêndio. A trupe do prefeito nega esse telefonema, embora ninguém tenha coragem suficiente para afirmar oficialmente que não houve. O Portal Porque tentou contatar a primeira-dama Sirlange para dar voz aos acontecimentos, sem sucesso até o momento. O espaço segue aberto para quaisquer manifestações. 

Para Balas, Manga é um ‘traidor’
Durante uma entrevista concedida à rádio Cruzeiro FM 92.3 na manhã desta segunda-feira (29), o deputado estadual Danilo Balas não escondeu seu descontentamento em relação ao prefeito Rodrigo Manga. De forma incisiva, Balas caracterizou o prefeito como “traidor” e “sem palavra”. Além disso, alfinetou, sem mencionar nomes, o presidente da Câmara Municipal, Cláudio Sorocaba (PSD), e o vereador Vinícius Aith (Republicanos).

Balas afirmou que o grupo político formado pelo PL, que engloba outras legendas como base de apoio, havia selado um acordo com Manga, o qual não foi honrado. Vale relembrar que em 5 de abril, o PL emitiu uma nota à imprensa declarando que o vice-prefeito na chapa de Manga para as eleições seria indicado pela legenda.

Essa comunicação, feita com o intuito de pressionar Manga, se referia a uma reunião realizada em 18 de março, na qual estiveram presentes o prefeito, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, o presidente estadual Tadeu Candelária, além de diversos outros políticos, incluindo os deputados Jefferson Campos e Carlos Cezar, o presidente da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), André do Prado, o presidente estadual do Republicanos, Roberto Carneiro, e o próprio Balas.

“Nessa reunião, foi firmado o compromisso de que o vice seria do PL. Além disso, foi acordado que o prefeito anunciaria, o mais rápido possível, se não naquele mesmo dia, que o PL seria o vice […] O grupo político do Partido Liberal sempre cumpriu sua palavra. Infelizmente, o prefeito não. […] Não toleramos quebra de acordo e traição. E aqueles que não estão satisfeitos agora têm Danilo Balas como pré-candidato a prefeito”, declarou o deputado.

Balas também falou sobre um vereador que “abandonou o partido quando ele mais precisava” e agora “esbraveja” dizendo que a legenda não conseguirá eleger vereadores, uma clara referência ao vereador e presidente da Câmara Municipal, Cláudio Sorocaba. O deputado também falou sobre infestação de escorpiões na cidade e criticou um parlamentar que “fazia brincadeiras colecionando os animais”. Quem fez vídeos nos stories do Instagram montando um “cemitério de escorpiões” foi Vinicius Aith. 

Quanto à sua relação com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), do Estado de São Paulo, Balas assegurou que não houve nenhum abalo com o anúncio de sua pré-candidatura. Admirador de Freitas, o deputado afirmou que compreende a situação delicada do governador, que não pode agir contra seu partido, mas também mencionou que o governador prometeu considerar a situação para decidir quem apoiará.

Vale ressaltar que tanto Balas quanto Manga são declaradamente bolsonaristas, tendo apoiado Bolsonaro nas últimas duas eleições presidenciais e mantendo uma relação próxima com o ex-presidente. A pré-candidatura do deputado, no mínimo, preocupa o prefeito, uma vez que pode resultar na divisão de parte de seu eleitorado, especialmente nas igrejas evangélicas, onde os deputados federais e estaduais da região, filiados ao PL, exercem influência considerável. Manga também possui uma base evangélica sólida, chegando a adotar o título de “missionário” em sua candidatura às eleições para vereador em Sorocaba.

>> Leia também: Os fracassos judiciais de Manga, o partido (quase) sem mulher e o voo incerto dos tucanos (Notas de Política)

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