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Apesar de gastar R$ 20 mi, Saae deixa servidores sem equipamentos adequados

Botas furadas, roupas rasgadas, falta de repelente e ferramentas de trabalho precárias estão entre as reclamações dos funcionários do serviço de água e esgoto de Sorocaba

Paulo Andrade (Portal Porque)
  • Servidores de funções operacionais têm que trabalhar com uniformes rasgados. Foto: Cortesia/Leitor
  • Botas de proteção furadas também são comuns, segundo relatos de funcionários. Foto: Cortesia/Leitor
  • Ferramentas de má qualidade, além de dificultarem o serviço, pode machucar os servidores. Foto: Cortesia/Leitor
  • Prateleiras onde deveriam estar uniformes reservas estão vazias, denunciam funcionários do Saae. Foto: Cortesia/Leitor

Funcionários públicos do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de Sorocaba, que realizam os serviços operacionais nas ruas e nas estações de tratamento, estão sendo obrigados a trabalhar com equipamentos de proteção individual (EPI) em más condições ou mesmo em falta. São uniformes rasgados, botas furadas, sem repelente – em plena epidemia de dengue – entre outros problemas nas condições de trabalho. Mesmo com a autarquia tendo comprado mais de R$ 20 milhões em produtos e serviços sem licitação este ano, conforme noticiou o Portal Porque (leia aqui).

Servidores também acusam que faltam materiais básicos para executarem seus trabalhos, como fita veda-rosca e cola para canos. “Outro dia fui cumprir uma ordem de serviço e tive que pedir fita veda-rosca de um morador. Isso quando a gente não tem que comprar do próprio bolso para garantir que o serviço seja feito”, relata um dos trabalhadores.

Outro questionamento dos funcionários é sobre a “péssima qualidade” de alguns materiais de trabalho comprados. “São pás e ferramentas usadas no solo que se quebram, voam pedaços e machucam trabalhadores”, reclama outro servidor.

As prateleiras de várias dependências do Saae, que deveriam conter reserva de uniformes, como calças, camisetas, camisas, botas e capas de chuva estão vazias, denunciam os servidores à reportagem.

O Saae conta atualmente com pouco mais de mil servidores em seus quadros. A estimativa de receita da autarquia para este ano é de R$ 456 milhões.

Sem material de trabalho há um ano
O Portal Porque vem denunciando a falta de EPI e ferramentas básicas de trabalho no Saae desde maio de 2023, quando teve acesso à gravação de uma reunião interna realizada dia 16 daquele mês: “Estamos tendo que usar cano de água para arrumar esgoto. Não tem uma chave [ferramenta] para trabalhar”, declarou um servidor à época, além dos relatos da falta de EPI até para o pessoal que trabalha no esgoto (leia mais).

Entre os R$ 20 milhões gastos em compras emergenciais de janeiro a abril deste ano, a reportagem não localizou nenhuma compra de uniformes e EPI para trabalhadores. A aquisão mais recente, que consta no Portal da Transparência, foi em setembro de 2023, e se limitou a uniformes de tecido (calças e camisas) no valor de R$ 509 mil. Não foram encontradas compras de botas, capacetes e outros equipamentos de proteção. A arrecadação do Saae em 2023 foi de R$ 399 milhões.

A reportagem encaminhou perguntas sobre o assunto à Secretaria de Comunicação (Secom) de Sorocaba. As questões incluíam pedido de informações sobre eventuais licitações para sanar o problema e também se é de conhecimento da Prefeitura a denúncia da má qualidade de ferramentas adquiridas. Como de costume, o governo do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) não respondeu ao Porque.

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