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Usuários da Zona Oeste relatam piora no transporte com BRT

Reclamações deixam claro que sistema está longe de agradar aos passageiros por aumentar tempo do trajeto e não reduzir superlotação

João Maurício da Rosa (Portal Porque)

Enfermeira denuncia inadequação de “viela” para desembarque de PCD no Ipiranga. Foto: JMR

Os usuários do BRT (ônibus de trânsito rápido) estão desabafando nas redes sociais sua indignação com a mudança no sistema da Zona Oeste após a inauguração do Corredor Oeste no sábado (4). Pelo novo sistema, similar ao empregado nos terminais da Zona Norte, os passageiros que vêm dos bairros são levados até o Terminal Ipiranga, onde desembarcam e entram em fila para tomar um segundo ônibus com destino ao Terminal Santo Antônio, no centro.

A conexão está aumentando o tempo de percurso em até meia hora, segundo os usuários comentaram em reportagem postada pelo Portal Porque sobre a inauguração do novo sistema. “Pra vc que é da zona oeste e não sabe o que acontece na norte…vá se acostumando”, comentou o internauta Tiago Dias dos Santos, que assina “thi ali”, em seu perfil no Instagram.

O perfil “deniseolmoraes40” escreveu: “o que era pra ser rápido está demorando 30 minutos a mais para minha filha voltar da escola!”. Outro leitor, que assina “gbrahim”, disparou: “eu não entendo o objetivo de dificultar o acesso ao centro. Que ódio”. De acordo com a internauta “pg_deboraah”, agora os moradores da Zona Oeste “sentem na pele o que aqui na Zona Norte nós passamos”.

O perfil de Maria Antonia comenta que o BRT foi idealizado para economizar. “É estúpido descarregar o povo de cinco ou mais bairros em um terminal para socar todos dentro de um ônibus para chegar a outro terminal, onde toma outro ônibus até outro terminal para tomar outro ônibus para chegar ao trabalho. Quem foi o estúpido que achou ser uma boa ideia esse entra e sai de ônibus para percorrer distâncias que um único ônibus faz em menos de 20 minutos?”, questiona.

A rejeição ao BRT é unânime. Gláucia Ghnó, escreveu: “Eu não conheço uma única pessoa que fale bem do BRT seja quem anda de ônibus ou de carro, nunca vi ninguém falar que melhorou, pelo contrário, só piorou… enquanto isso os bolsos dos envolvidos pra implantar isso na cidade estão cheios”.

O perfil “jejot” comentou que, realmente, (o novo sistema) está um verdadeiro “caooos!” De acordo com ele, pela manhã e no final da tarde, o ônibus A 240 já sai lotado do ponto inicial. “O que era para facilitar a mobilidade do cidadão só criou mais pontes e janelas para chegarmos ao nosso destino… sem falar na falta de direcionamento dos funcionários no local – que foram insuficiente e até a inexistência de sinalização clara nas placas do terminal”, completou.

A usuária Rosy de_Soares questiona o fato de terem excluído três das cinco linhas diretas que ligavam o terminal Santo Antônio ao final da Avenida Armando Pannunzio, nas imediações da Raposo Tavares. “Por que não colocaram um BRT que sai do terminal Santo Antônio direto pra Armando Pannunzio? Tiraram 3 linhas que iam pra lá e deixaram só 2. Os BRTs que vão pro Ipiranga estão saindo vazios, enquanto o Tatiana e o Novo Mundo saem tão lotados que não cabe mais ninguém nas paradas, pois os trabalhadores que pegam este ônibus não querem perder mais 30 minutos indo pro do Ipiranga”.

Cadeirantes
A enfermeira Gabriella Bin Perbeline, que se identifica nas redes sociais como autista nível dois de suporte, denuncia em seu comentário que a plataforma de desembarque do Terminal Ipiranga tem um local completamente inadequado para locomoção de cadeirantes ou pessoas com mobilidade reduzida.

Gabriela se refere a um local encostado a um alambrado reservado para os últimos ônibus na fila de entrada do terminal. “Os ônibus do bairro que param no terminal Ipiranga, se forem os últimos a parar, não têm espaço para descer e subir para o terminal. Uma pessoa cadeirante ou com mobilidade reduzida, qualquer pessoa com alguma deficiência, terá problemas para descer, já que não tem espaço e um micropedaço de calçada”, observa ela.

A enfermeira disse que quase se machucou ao passar pela “viela”, como ela define o estreito espaço para o desembarque. “Pela manhã tem pessoas dando informações nas catracas, mas já a partir das 10 horas não tem mais ninguém. Não conseguia utilizar o portão PCD (pessoa com deficiência) porque não havia ninguém para liberar (já que o cartão especial não libera), foi um sufoco passar pela catraca liberada”, comentou Gabriela.

De acordo com a enfermeira, as rotas não são pensadas para melhorar a mobilidade urbana.  “Rotas sem sentido, a maioria é apenas sair do bairro para fazer uma troca de ônibus para ir ao centro, que atrasa e piora a qualidade de tempo no trânsito para trabalhadores e estudantes. Muita gente chegando atrasada, tendo que pensar em sair ainda mais cedo, ficar mais horas no transporte agora. Antes o trajeto ia direto, era lotado, mas ao menos o tempo compensava”, desabafa.

Gabriela lembra que agora o usuário é obrigado a tomar até três ônibus, sendo que cada um adiciona de 10 a 30 minutos a mais no tempo de transporte. “Rotas melhores deveriam ser implantadas. Totalmente impensado e prejudicando a população sorocabana. Sem noção e lógica da Urbes e Prefeitura”, concluiu.

Eduardo Pinila, por sua vez, se irrita que no terminal Santo Antônio a linha 140 do BRT está parando em frente à entrada do banheiro, onde passaram a se concentrar os passageiros que seguem com destino à Avenida Itavuvu. “Se às 12 horas estava um caos imagina na hora de pico!”, observou ele.

De acordo com Eduardo, a identificação do local de embarque com o número da linha pintado no chão, deixa muitos passageiros perdidos, porque os motoristas estacionam os carros longe dos locais pintados. Mais tarde, Eduardo postou foto de uma passageira sentada no chão junto à porta de desembarque. “Essa aqui foi hoje no BRT 140. A dignidade que prometeu o prefeito Rodrigo Manga led super faturado”, comentou.

Outro lado
A Prefeitura não responde ao Porque, mas o espaço permanece aberto para que a Secretaria de Comunicação ou os responsáveis pelo BRT respondam aos usuários sobre os problemas enfrentados.

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