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Sem atenção da Prefeitura, Capela João de Camargo está em estado de abandono

Projeto de Lei aprovado pela Câmara transforma o local em Patrimônio Cultural de Sorocaba, mas governo municipal não atende pedidos básicos de serviços públicos no local histórico

Paulo Andrade (Portal Porque)
  • Capela foi fundada há um século e apresenta problemas estruturais; nesta quinta foi aprovado projeto que a torna atração cultural. Fotos: Renata Rocha/Portal Porque

Dezenas de rachaduras nas paredes, infiltrações e muro caído são alguns dos problemas enfrentados pela histórica Capela Senhor do Bonfim, edificada pelo religioso João de Camargo, há mais de um século, na Rua Barão de Tatuí, ao lado córrego Água Vermelha, em Sorocaba. A expectativa de Adriano Molina, presidente da Associação que preserva o local, é que o cenário melhore depois da aprovação de um projeto de lei parlamentar, nesta quinta-feira (26).

A Capela já é tombada como patrimônio histórico do município desde 1995. No entanto, segundo Molina, a última restauração do local foi feita há cerca de 20 anos. Hoje, segundo ele, nem os serviços básicos solicitados à Prefeitura, como obras do Saae, poda e corte de uma árvore, que ameaça a estrutura histórica, são atendidos.

O projeto de lei 277/2023, de autoria do vereador Fernando Dini (PP), aprovado nesta quinta, institui a capela como Patrimônio Cultural Material de Sorocaba, passando a fazer parte do mapa turístico da cidade, o que nos traz “uma boa exposição”, diz o presidente da associação.

Paulo Betti

Com exclusividade ao Portal Porque, o ator e diretor Paulo Betti disse que a capela “é uma das coisas mais bonitas, significativas e diferentes que existem na cidade. Portanto, que os vereadores e a Câmara a considerem um patrimônio cultural é um gesto absolutamente natural”.

Acrescenta ainda que “a Prefeitura tem, sim, que tomar cuidado com aquela verdadeira joia de Sorocaba. Tem de ver as rachadores, ver se a estrutura está firme”.

Porém, agora o projeto deverá receber a sanção ou o veto do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), o que gera uma dúvida, pois o local é marcado pela sua visão ecumênica da fé e tem elementos de sincretismo religioso entre o cristianismo e religiões afro. Os evangélicos mais fundamentalistas, como o prefeito, não costumam aceitar essa harmonia entre crenças.

Recursos próprios

Molina afirma que a Associação Espírita e Beneficente Capela do Senhor do Bonfim, como ela é oficialmente registrada, sobrevive da colaboração de fiéis e membros da própria associação. Mas, com a ajuda de uma ONG alemã, conseguiram elaborar um projeto de engenharia para restaurar a capela. Falta agora quem custeie as obras.

“A árvore que pedimos autorização para cortar não é nativa, mas ela é grande e está pendendo para o lado da capela. Se ela cair, vai destruir até o quarto com a mobília de João de Camargo e a sala em homenagem ao Monsenhor João Soares do Amaral. Esse estrago vai acontecer a qualquer hora e não temos resposta do governo”, declara Adriano Molina.

Em maio deste ano, Molina teve uma reunião com representantes do Saae para que tomassem providências para assegurar que o córrego Água Vermelha, quando cheio, não derrubasse o muro aos fundos da capela. “De fato, uma parte do muro até já caiu e o Saae afirma que não tem verbas para realizar o serviço.”

Mais pedidos negados pelo Paço

Visitando o local, o Porque soube pela secretária na capela, Gabriela Campos, que o esgoto das casas do outro lado do córrego é despejado diretamente no local, causando mau cheiro.

Outro pedido não atendido pela Prefeitura foi a poda de árvores que ficam no jardim da capela. “As folhas e galhos caem na calçada da Rua Barão de Tatuí e não podemos fazer nada. Sequer obtemos informações [do Poder Público].

O trabalho social da capela inclui a doação mensal de 20 a 25 cestas básicas para instituições como Gpaci e Casa da Mônica. “Este ano também conseguimos realizar uma festa do Dia das Crianças para cerca de 250 crianças, com comida e bebida e outras atrações gratuitas.”

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