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Saae afirma que cor, cheiro e gosto na água devem-se a algas em reservatório

Devido ao problema na represa de Ipaneminha, Saae suspende captação deste manancial. O vice-presidente do Comitê de Bacias, André Cordeiro, explica que os principais nutrientes para formação de algas em bacias urbanas são de esgoto não tratado

Fernanda Ikedo (Portal Porque)

A água com algas teria sido detectada na Estação de Tratamento de Água (ETA) do Cerrado, proveniente de Ipaneminha. Foto: Secom/PMS

A água das torneiras das residências de diversos bairros de Sorocaba está saindo com cor, sabor e cheiro, tudo o que a água tratada não pode ter. Moradores que reclamaram ao Saae tiveram retorno de que estão sendo tomadas providências, mas não foram informados prazos.

De acordo com o diretor do Saae, Tiago Suckow, em entrevista ao Z Norte, foram encontradas algas na represa de Ipaneminha — que representa menos de 10% de suprimento de água do município –, cuja água é tratada na estação do Cerrado. O Saae identificou que as alterações começaram na segunda, 19, e suspendeu a captação naquela represa.

O PORQUE perguntou ao vice-presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê, André Cordeiro, se é comum a formação de algas nesse tipo de manancial. Ele explica que “neste período com mais horas de sol e vento as condições passam a ser ideais para o crescimento de algas, mas cada tipo de alga tem um efeito; algumas dão cor, odor e gosto na água, outras, como as cianobactérias, podem produzir toxinas”.

Ainda segundo Cordeiro, nos dois casos é muito difícil tirar estas substâncias (que dão gosto, cor e cheiro ou toxinas) da água de abastecimento. Além disso, ele pontua que “as algas só crescem se houver contaminação de nutrientes nitrogênio e fósforo no manancial. A principal fonte de N e P na água em bacias urbanas é esgoto não tratado.”

Água da rua

A cabeleireira Jéssica Giancotti mora no Jardim Arco-Íris, na zona oeste da cidade, e na segunda-feira, 19, sentiu um gosto forte na água. “Não estava com alteração de cor, nem cheiro, mas um sabor estranho, mistura de ferro e barro.”

Outra moradora da região oeste, no Central Parque, Mery Antunes, ficou tão indignada com a falta de qualidade da água que publicou no grupo do Facebook do bairro que “até o gosto da comida está alterando e a do filtro também”.

A fotógrafa Paula Metrovine disse que a situação é a mesma no bairro Paineiras, na zona norte. “A água está com gosto de barro. Até achei que pudesse ser a caixa, mas ela foi limpa há pouco tempo.”

Até o vereador Silvano JR (Republicanos), do mesmo partido do prefeito Rodrigo Manga, reclamou na tribuna da Câmara de Sorocaba, na sessão de quinta-feira, 22, sobre a cor marrom e cheiro forte da água no bairro.

E a saúde?

“Aqui na zona norte está faltando água direto. O Saae veio arrumar a bomba, mas a água volta suja, com terra. E pagamos caro para que ela seja tratada. Como vamos usar água suja? Eles dizem que não tem problema, mas beberiam essa água?”, questiona a moradora do Jardim Casa Branca Vitória Carvalho.

De acordo com um ex-trabalhador do Saae, ouvido pelo PORQUE, o cloro pode evitar problemas patológicos, “mas precisa ser verificado se existem metais pesados, substâncias aromáticas e tóxicas para os seres humanos. Esses últimos apresentam problemas à saúde humana a longo prazo.” “O Saae precisaria atender a portaria da MS 888, sobre procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, mas não atende.”

Ele ressalta que é preciso pedir a análise completa da represa de Ipaneminha, realizada por laboratório creditado pelo Inmetro.

Itupararanga também preocupa

Devido ao problema com algas, a captação de água da represa de Ipaneminha está suspensa. Mantém-se a captação no reservatório de Ferraz e Castelinho, que abastece o Éden, o próprio rio Sorocaba e a represa de Itupararanga.

Apesar de o Saae afirmar que não há risco de desabastecimento, a vereadora Iara Bernardi (PT) alertou o PORQUE sobre o nível abaixo de 40% da represa. “Já está em 38%, sendo que a previsão de chuva, para o período, não é a esperada. Há que se pensar em providências, porque quanto mais baixo o nível da represa, mais a água vai se misturando a outros elementos”, afirma.

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