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Novo corredor do BRT confunde e irrita usuários no primeiro dia útil após inauguração

Ônibus continuam lotados e passageiros são obrigados a desembarcar em terminal, entrar em fila e esperar para tomar segundo ônibus

João Maurício da Rosa (Portal Porque)
  • Inauguração do terminal Ipiranga na sexta-feira (3) em horário de pico tumultuou o trânsito na região. Foto: João Maurício/Portal Porque
  • Ônibus continuam lotados na estreia do Corredor Oeste entre o Wanel Ville 5 e o Terminal Ipiranga. Foto: João Maurício/Portal Porque
  • Agora passageiros até o Centro têm que desembarcar e entrar em fila para tomar segundo ônibus. Foto: João Maurício/Portal Porque
  • Sílvia, que entra no trabalho às 8h, espera na fila da catraca às 7h30 para tomar o articulado para o centro. Foto: João Maurício/Portal Porque

Inaugurado sábado (3), o primeiro dia útil do Corredor Estrutural Oeste do BRT (ônibus de trânsito rápido, em português) foi marcado nesta segunda-feira (6) por passageiros perdidos, reclamações por pagamento duas vezes e trabalhadores chegando atrasados. Seguindo o mesmo modelo dos demais corredores, os passageiros que chegam dos bairros são obrigados a desembarcar no terminal Ipiranga e esperar pela chegada dos ônibus articulados que vão concluir o trajeto até o Terminal Santo Antônio.

Esta espera, nesta segunda-feira, demorava 12 minutos em média, mas pode chegar a 20 minutos, como ocorre com frequência nos terminais São Bento e Vitória Régia. “Eu saí de casa 15 para as 7 horas, como sempre fiz para chegar ao trabalho às 8 horas. Agora já são 7h30 e ainda estou na fila”, reclamava Sílvia, que veio do jardim Esmeralda.

O ônibus de Sílvia, batizado Expresso 240 –General Carneiro – encostou às 7h35.  “No sistema antigo, eu já estaria chegando na General Carneiro”, reclamava Sílvia, na fila da rampa que leva os passageiros da plataforma de desembarque para a plataforma de embarque, chamadas de “baixa” e “alta” respectivamente.

Tão irritada como Sílvia, uma passageira que não quis se identificar, discutia com a funcionária da catraca, pois não tinha o cartão magnético. Ela comprou uma passagem avulsa do cartão de outro passageiro para vir do bairro Júlio de Mesquita até o terminal Ipiranga, mas ao desembarcar foi informada que teria que passar o cartão novamente, como fazem os demais usuários.

A confusão na estreia do Corredor Oeste é uma rotina na vida dos passageiros do sistema BRT da Zona Norte. Os passageiros que tomam os ônibus nas proximidades do ponto inicial e conseguem um banco para sentar, vão ter que desembarcar e entrar numa fila para tomar um segundo ônibus. E raramente isso acontece em sincronia, pois a empresa calcula o tempo de espera para que os carros saiam com lotação completa – 130 passageiros.

O novo corredor começou a operar depois da inauguração do Terminal Ipiranga na tarde de sexta-feira (3). A empresa BRT anuncia o empreendimento como uma melhoria na qualidade do transporte para 45 mil usuários por dia em 13 novas linhas servindo bairros populosos como Wanell Ville, Júlio de Mesquita, Jardim Tatiana, Jardim Esmeralda, Jardim Montreal, Santa Bárbara, Piazza di Roma e Central Parque.

Os moradores do Wanell Ville foram os mais impactados. Antes servidos exclusivamente pela linha Ouro Fino (60), agora estão divididos de acordo com setores, ou seja, quem mora no Wanell Ville 5 depende exclusivamente da linha A 260. Já os moradores dos Wanell 2 e 3 são servidos pela linha A 261 e os moradores do Wanell 4 pela linha A 274.

Além do Ipiranga, também entrou em funcionamento na semana passada o miniterminal do Jardim Tatiana, que completa o Corredor Oeste. Os dois terminais começaram a operar neste sábado (4). De acordo com a empresa, o Corredor Estrutural Oeste é composto por 18,8 quilômetros, 35 pontos de parada, mais o Terminal no Jardim Ipiranga, o miniterminal no Jardim Tatiana e a estação de conexão Santa Cruz.

O trecho que compõe este corredor estende-se ao longo das avenidas General Carneiro e Armando Pannunzio com ligação às ruas Américo Figueiredo e Benedito Ferreira Teles, até chegar ao Jardim Ipiranga.

A inauguração do Terminal Ipiranga, na última sexta-feira, serviu para mais um comício fora de época. O presidente da Câmara, Cláudio Sorocaba, foi apresentado pelo animador de palanque como o autor de projeto de lei que batizou o novo terminal com o nome do pai do prefeito Rodrigo Manga ( Republicanos),  Weber Manganhato Primo, falecido em 2022.

Manga abraçou e posou para foto com o eleitorado e fez proselitismo distribuindo roupas usadas para o público. Para inaugurar o terminal de forma cinematográfica, como é de seu feitio, em pleno horário de pico às 17h30 da última sexta-feira, o prefeito mandou estacionar nos arredores os 47 ônibus adquiridos pela empresa causando um verdadeiro caos no trânsito no entorno das avenidas Américo Figueiredo, Estado de Israel e Elias Maluf.

O evento teve presença do secretário nacional de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Denis Eduardo Andia; do diretor nacional de Regulação da Mobilidade e Trânsito Urbano do Ministério das Cidades, Marcos Daniel;  da superintendente de rede da Caixa Econômica Federal, Dulce Ferreira dos Santos Silvério e do presidente do BRT Sorocaba, Renato Andere.

 

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