Os motociclistas entre 18 e 24 anos são as maiores vítimas de sinistros de trânsito registrados em Sorocaba, tanto nas vias municipais como nas rodovias, segundo o Infosiga, plataforma estadual que contabiliza a violência no trânsito. Dos 27 mortos no primeiro trimestre deste ano na cidade, onze eram motociclistas, pouco mais de 40% do total de casos fatais. Esses números assustam mais ainda ao se considerar que, de acordo com dados de 2022 do IBGE, as motocicletas representam 18% do total de veículos na cidade. E a maioria desses acidentes acontecem nas noites e madrugadas de sábado, seja no uso no trabalho trabalho seja nos passeios de fim de semana.
Estatísticas frias
Cerca de 70% dos óbitos de pessoas usando motocicleta acontecem em vias municipais, onde a velocidade é menor que na rodovia. Especialistas acreditam que essa tendência acontece por uma má formação dos condutores dentro das autoescolas e pela falta de investimento em educação para o trânsito. Refletir sobre esses números e as causas dos acidentes é um dos objetivos do Maio Amarelo, campanha mundial que busca alertar para a violência no trânsito.
Fragilidade do motociclista
A vulnerabilidade também é um ponto de atenção e pode ser comprovada pelo perfil de internações de motociclistas vítimas de sinistros de trânsito. Segundo uma análise de 2023 feita pelo CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool), com dados de 2008 a 2018, apenas 10% dos motociclistas internados por conta de sinistros de trânsito recebem alta hospitalar sem prejuízos ou incapacidade.
“Nem sempre o motociclista é o elemento responsável causador daquele acidente. Um carro tem elementos de segurança passiva; a moto não”, diz Tite Simões, jornalista, instrutor de pilotagem de motos com segurança e fundador da Abtrans (Associação Brasileira de Trânsito). Tite explica seu ponto de vista fazendo referência a todas as coisas que envolvem conduzir um veículo. “O motorista tem o cinto de segurança, que lhe protege. Ele pode ajustar o GPS ou o rádio, mexe no celular, pode desviar sua atenção para outras coisas. Isso é segurança passiva. Já o motociclista precisa ter foco o tempo todo. Não tem como se distrair. Isso é segurança ativa. É estar focado o tempo todo. O motociclista precisa estar focado para poder ter uma reação rápida e se livrar de uma ‘fechada’, por exemplo”, fala o jornalista.
“Diante de tantas vidas perdidas são necessárias ações imediatas como a introdução da nova formação do condutor, da educação de trânsito nas escolas de ensino fundamental como um tema transversal, do investimento em fiscalização e infraestrutura viária, pois se temos um Código de Trânsito tão completo, não justifica matarmos tanta gente”, complementa José Aurelio Ramalho, do Observatório Nacional de Segurança Viária.