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Empresa contratada pela Prefeitura é acusada de ligação ao PCC

Vagner Borges Dias é um dos investigados em operação Gaeco e responsável pela Safe, contratada para a limpeza em unidades de saúde

Portal Porque
  • Vagner Borges Dias tem contrato assinado com a Prefeitura de Sorocaba desde 2020. Foto: Reprodução/Linkedin
  • Investigado tem contrato firmado com o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) desde 2022. Foto: Reprodução do contrato

Na Operação Muditia, que apura ligação de empresas em São Paulo que seriam ligadas ao PCC, feita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e pela Polícia Militar, iniciada na terça-feira (16), um dos principais nomes que aparecem como suspeito é o de Vagner Borges Dias. E Sorocaba está na mira das investigações justamente por empresas ligadas a Vagner terem ganhado contratos de prestação de serviços com o governo municipal.

Vagner é o responsável pelo Grupo Safe, terceirizada contratada para a limpeza de unidades de saúde em Sorocaba e que já vem sendo denunciada desde dezembro do ano passado pelo Portal Porque por recorrentes atrasos nos pagamentos de seus funcionários.  Em 2020, a Safe também ficou responsável pela limpeza do hospital de campanha usado na pandemia de Covid-19, com a assinatura do contrato sendo feita pelo então secretário da Saúde, Ademir Watanabe. Um novo contrato foi assinado com empresa por Rodrigo Manga (Republicanos) em 2022.

De acordo com as investigações do Gaeco, outra empresa, a Vagner Borges Dias ME também teve “aumento vultuoso” em seu ativo no período em que obteve diversos contratos, diretamente ou por meio de empresas em nome de funcionários de Latrell no Estado de São Paulo.

A partir da quebra de sigilo telefônico de envolvidos, o MP-SP identificou ainda que um grupo de empresas ligadas a Vagner atuava para simular a concorrência e obter contratos. Segundo as investigações, o grupo costumava alternar os representantes das empresas participantes nas disputas. Entre eles, Márcio Zeca da Silva, o “Gordo”, apontado como integrante do PCC, Carlos Roberto Galvão Júnior, conhecido como “Juninho”; e Antonio Carlos de Morais. Todos foram alvo de mandados de prisão. Wellington Costa, conhecido como “Bola”, é apontado como o responsável pela atuação mais contundente no pagamento de propinas a agentes públicos cooptados.

Vagner Borges é Latrell Brito
Segundo o divulgado pelo Portal UOL, Vagner também é cantor de pagode com quase 1 milhão de seguidores no Instagram e apontado como o principal articulador do esquema para fraudar licitações de contratos públicos em benefício do PCC. Foi indiciado e teve mandado de prisão expedido pela Justiça, mas ainda não há confirmação de sua prisão.

Suspeito de chefiar o esquema é conhecido pelo nome artístico de Latrell Brito. Ele lançou o seu primeiro álbum em 2020 em plataformas de áudio. O esquema contava com a articulação de um empresário, “laranjas” e de servidores públicos, de acordo com a investigação obtida pelo UOL. Após a ação do MP, o perfil de Dias foi removido do Instagram.

Ainda segundo o UOL, o cantor e empresário ostenta armas, munições e grande volume de dinheiro em espécie, segundo imagens colhidas em interceptação. Segundo o MP, a atuação do grupo também estaria vinculada a outra série de delitos.

Atuação em Sorocaba
Em Sorocaba, o Grupo Safe tem diversos processos na Justiça, tanto trabalhistas como outros, segundo informações da unidade regional do Ministério do Trabalho (MTB). São denúncias de atrasos de salários, décimo-terceiro, FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e outros benefícios. Segundo Ubiratan Vieira, chefe regional da Fiscalização do Trabalho, a dívida da empresa com FGTS ultrapassa R$ 6 milhões.

O descumprimento das leis trabalhistas foi, por diversas vezes, também denunciado por Izídio de Brito, membro do Conselho de Saúde. Izídio ressalta que chegou a comunicar formalmente o secretário municipal de Saúde, Cláudio Pompeu, dos problemas relatados.

O grupo com sede em Suzano assinou contrato com a Prefeitura de Sorocaba em 2020, com dispensa de licitação, quando foi responsável pela limpeza do hospital de campanha durante a pandemia de Covid-19, no valor de R$ 199 mil.

Em 2022, a empresa firmou contrato por R$ 6,1 milhões com o governo do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) para o serviço de limpeza em unidades de saúde, Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e Caps (Centro de Atenção Psicossocial).

Na última segunda-feira (15), trabalhadores voltaram a denunciar as práticas do Grupo Safe, por falta de limpeza no período da madrugada em unidades de pronto-atendimentos de Sorocaba. Por conta disso, pacientes e funcionários estariam convivendo com todo o tipo de sujeira, entre eles sangue, vômito e lixo, que se acumulam durante a noite. Apenas duas pessoas estavam responsáveis pela limpeza e recebiam R$ 100 por diária de serviço.

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