Ele já está acostumado com a pressão das arquibancadas e as grandes decisões. Carlos Rodrigo da Silva, ou melhor, Rodrigo Ninja, ex-jogador de São Caetano, Vila Nova-GO, Ponte Preta e mais 23 clubes, aos 42 anos, desfila sua experiência nos gramados da região, só que dessa vez, na voluntariosa várzea campineira.
“É aqui que eu me sinto em casa”, afirma o ex-lateral esquerdo, se referindo à equipe do Granada, time amador da Vila Bela, periferia de Campinas. Em final inédita, o time de Rodrigo Ninja enfrenta no próximo domingo (10) o Grêmio Cafezinho no estádio Moisés Lucarelli, partida marcada para iniciar às 10h30.
Rodrigo Ninja viveu momentos marcantes no futebol brasileiro. Em 2007, na partida entre a sua equipe, o Gama-DF, contra o Vasco, no Maracanã, pela segunda fase da Copa do Brasil, 33 mil pessoas estiveram no estádio para ver o milésimo gol de Romário, mas viram um campineiro silenciá-los.
Ainda no primeiro minuto de jogo, Ninja arriscou o chute de fora da área, a bola “quicou” na frente do goleiro Cássio e o enganou. Gol do Gama e silêncio no Maracanã. A partida prosseguiu, o Gama venceu o Vasco por 2 a 1, eliminou a equipe carioca da competição, e o baixinho Romário passou em branco.
“São lembranças maravilhosas que tenho. Essa partida eu jamais vou esquecê-la, o Maracanã e o Brasil queriam ver o gol mil do Romário, mas viram o gol do Ninja”, recorda.
A carreira de Rodrigo Ninja seguiu por muitos clubes no Brasil, foram 26 no total. Mas um deles foi especial para o jogador: a Ponte Preta. Jogar no time da sua cidade e do seu coração era um sonho, não somente só seu, mas de toda a sua família. “Sempre que me transferia de um clube para outro havia o questionamento de quando eu chegaria à Ponte. Era o sonho do meu pai, da minha mãe e graças a Deus eu consegui realizar”, destaca Ninja.
Mas os problemas extracampo impediram Rodrigo de jogar por mais tempo com a camisa da Macaca. Ele chegou em 2009 depois de uma boa passagem pelo São Caetano. Viveu momentos que o garoto do Jardim Carlos Lourenço, local onde foi criado em Campinas, sempre sonhou estar ao lado da família e da torcida: o estádio Moisés Lucarelli.
“Fui destaque em um dérbi no Brinco de Ouro, joguei contra grandes clubes e jogadores, foram poucos os momentos, mas felizes por ter realizado um dos meus sonhos de vestir a camisa da Ponte”, frisa o ex-jogador.
Rodrigo prefere não estender muito à conversa quando se fala da sua passagem pela Ponte Preta. É algo que ainda o machuca muito. “Prefiro lembrar somente das coisas boas e do orgulho que senti em vestir essa camisa”, relembra.
E no domingo, 10, Rodrigo Ninja estará mais uma vez no gramado do Majestoso para disputar a grande final do Campeonato Amador Série Ouro de Campinas com a camisa do Granada. Após encerrar a carreira profissional, foi na várzea que o ex-atleta se encontrou.
“Eu joguei em grandes clubes do amador da cidade. Comecei em 2015, no Pureza, passei por Parque Brasília, Vila Boa Vista, Luxúria, entre outros. Mas é no Granada que eu me sinto bem, me sinto em casa”, completa.
Ninja faz questão de agradecer à toda a diretoria do clube, aos torcedores que sempre o receberam com muito carinho. Ele confirma receber ajuda de custo financeira do clube em todos os jogos, mas confessa não ser esse o principal motivo para entrar em campo.
“O futebol é uma paixão inexplicável, além de ser uma terapia para mim. Passei por vários problemas pessoais durante toda a minha vida, principalmente a perda recente da minha mãe por um câncer. Não está sendo fácil superar a dor de não a ter mais comigo. É o futebol que me alivia de pensar em coisas ruins”, finaliza.